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Arquitetos: Zaha Hadid Architects
- Área: 1566 m²
- Ano: 2013
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Fotografias:Luke Hayes
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Fabricantes: Dyson, Erco, OAG Architectural Glass, VALMIERA GLASS
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Serpentine Sackler Gallery consiste de duas partes distintas, a reconversão de uma estrutura clássica de alvenaria do Século XIX - o Magazine – e uma estrutura tensionada contemporânea. A Serpentine Sackler Gallery é, portanto - após o MAXXI em Roma -, o segundo espaço no qual o escritório Zaha Hadid Architects cria uma síntese entre o novo e o antigo. O Magazine foi construído para ser um paiol de pólvora em 1805. Combina dois espaços com cobertura em abóbada de berço (onde a pólvora era estocada) a uma estrutura envoltória mais baixa e de planta quadrada dotada de uma colunata frontal. O edifício mantinha seu uso militar até 1963. Desde então a agência Royal Parks o usava para armazenagem. Dessa forma o Magazine permaneceu subutilizado até agora. Ao longo do tempo, diversas alterações e adaptações ocorreram no interior da construção histórica e no seu entorno.
Foi essencial para a sua reconversão em uma galeria pública de arte, a decisão de restabelecer a composição arquitetônica do Magazine como um pavilhão independente no interior de um invólucro, sendo os pátios cobertos e transformados em espaços internos de exposição. Para revelar os espaços centrais originais, todas as paredes construídas posteriormente no interior dos depósitos de pólvora foram removidas. As vergas das entradas foram recuperadas enquanto os antigos pórticos de madeira foram mantidos. Instalações necessárias e iluminação foram integrados discretamente de modo que não interferissem na qualidade "autêntica" dos espaços, que agora são parte do conjunto das galerias.
A estrutura circundante foi desvelada e racionalizada para tornar-se um sequência contínua, aberta, de espaços de exposição ao redor dos dois paióis centrais, seguindo assim a simplicidade e a clareza da Glyptothek de Leo von Klenze como um modelo prévio de edifício especificamente expositivo. O que era um pátio anteriormente tornou-se um espaço expositivo com iluminação zenital. Claraboias longitudinais permitem a entrada de luz natural em toda a galeria circundante, e com um sistema de aletas fixas criam espaços perfeitamente iluminados. Persianas retráteis permitem o escurecimento completo das galerias. As claraboias contínuas permitem a visão da parte superior do volume central do edifício desde o interior. Estas intervenções e conversões foram projetadas em colaboração com o especialista em patrimônio Liam O'Connor e com consultoria do English Heritage e o Conselho Municipal de Westminster. Além dos espaços expositivos, o Magazine restaurado e reconvertido abriga uma loja do museu e escritórios para a equipe curatorial da Serpentine Gallery.
O anexo contém um generoso espaço de convivência encarregado de tornar a Serpentine Sackler Galery um novo destino cultural e gastronômico. A expansão foi projetada para complementar o edifício clássico, calmo e sólido, com um espaço leve, transparente, dinâmico e claramente contemporâneo do século XXI. A síntese entre o antigo e o novo é, assim, uma síntese contrastes. A nova adição parece efêmera, como uma estrutura temporária. No entanto, é uma edificação permanente plenamente funcional. É nossa primeira estrutura tensionada permanente e a concretização de nossa atual pesquisa sobre superfícies estruturais curvilíneas. A membrana têxtil feita sob medida de fibra de vidro tecida é parte essencial na transferência dos esforços na estrutura. Ela se estica conectando uma viga perimetral e um conjunto de cinco colunas interiores que articulam os ápices da cobertura. Em vez de usar colunas perimetrais, a viga de borda - uma treliça dupla apoiada em três pontos - pousa no solo na frente, atrás e na face livre oeste. No leste a viga perimetral (e, portanto, a cobertura da ampliação) paira sobre a platibanda do Magazine. Um pano de vidro fixo reforça a aparência de que a cobertura flutua sem tocar a estrutura. A parede oeste do edifício original torna-se assim uma parede interna, mas sem perder sua função e beleza originais. Este detalhe é coerente com o caráter geral de "delicadeza" da intervenção.
O invólucro se completa com uma parede de vidro sem montantes que se apoia no pavimento térreo estendendo-se até a viga de borda e a cobertura têxtil. O interior do anexo é claro, amplo, com luz penetrando por todos os lados e pelas cinco colunas metálicas que se abrem para recebê-la. A curvatura complexa da cobertura anima o espaço com sua fluidez escultural e orgânica, Os únicos elementos fixos do espaço são a ilha da cozinha e um longo bar disposto ao longo da parede de alvenaria do Magazine. As mesas, aparadores e cadeiras foram projetados como um padrão Voronoi, similar a estruturas de células orgânicas. Nosso objetivo é criar uma experiência estética intensa, uma atmosfera que pareça oscilar entre ser uma extensão da beleza encantadora da natureza do entorno e ser um convite instigante aos enigmas da arte contemporânea.